Carta ao amor
Olá amigo,
Deveríamos conversar seriamente sobre suas idas e vindas. Parece agir de forma passional. Enviado por um cupido negligente, sem nenhum senso de cuidado com quem acerta essa bendita flecha impregnada de sensações ricas.
Como um sorvete agre e doce que confunde o paladar você é. Muitos pensam conhece-lo, mas acredito que seja pura prepotência dessas pessoas afirmarem tal coisa. Tem-se a impressão que se parece com o fantasma da opera, no sentido de ser belo com sua máscara, mas que esconde algo horrendo por detrás da indumentária. Talvez a verdadeira caixa de pandora esteja em você, cobiçada e querida por todos pelo poder que tem, por amor se vive, por amar mata-se e se mata por amor.
Ao olhar no espelho vejo-me acompanhado dos fantasmas dos natais passados, uns enamorados e outros de imensa solidão. Como um bom sonhador desejo sua presença a cada instante, autossugestão necessária nos dias mais cinzas, para poder seguir em frente jogando xadrez com meu destino. Nesse jogo da vida aprendemos a ter e abdicar, onde o princípio maior é amar e ser amado, às vezes se ganha, às vezes se perde, mas não me lembro de ter visto um empate.
Tive saudades de você! Esperava encontra-lo a cada esquina, com um sorriso largo e um abraço apertado. Lembro-me de nosso primeiro encontro, mas prefiro não comentar a ocasião, posso escrever que foi algo platônico, intenso. Depois disso comecei a ficar acostumado contigo, me sentia bem na maioria das vezes. Em alguns momentos eu não gostava de suas brincadeiras de mau gosto, ficava me enganando, brincando de esconde-esconde, seu jogo favorito. É sempre bom lhe ver de vez em quando, costuma aparecer como o sol brilhando num dia de verão.
Mas não é sobre nossos antigos encontros que venho lhe escrever. Escrevo com certa raiva, indignação, com essas brincadeiras que insiste em fazer comigo e com as pessoas. Por que não pode parar com isso? Será esse seu verdadeiro propósito em vida? O que você é na verdade? Ilusão de ótica? Miragem?
Sinto-me um criminoso ao agir desse modo. Sempre tem sido doloroso eu ter que cometer esse ato de desespero para contigo. Por não compreender, por ama-lo tanto, nesse momento desesperador, tenho que escolher entre mim e eu. Sei perfeitamente que mim não conjuga verbo e o que preciso é ser. Decidi matar você mim, mesmo sabendo que quem sofrerá, serei eu. Sei que como ave fénix renascerá em breve sem pedir licença e tão forte como lhe conheci pela primeira vez. O difícil não é revê-lo em meu destino, o complicado é ter que entrega-lo a morte sabendo que nunca morrerá por que é vivo. Até qualquer dia Amor...
Mário Sérgio dos Santos.
Foi muito bom escrever...
ResponderExcluirMário, você conseguiu reunir nesse texto toda a beleza e amargura que é amar... Achei sublime! Obrigada, por compartilhar conosco sua sensibilidade!
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