Espinhos de Cactos


O sentimento de vazio é indiscutível nesse momento. A revelação de algo que já era esperado vem de forma agre doce. O sabor açucarado acontece do saber já previsto, mensagem enviada com o intuito de amenizar um possível desconforto, o amargo aflora do perceber que já é hora, que o caminho percorrido de forma satisfatória finda, a possibilidade do fim é amarga e a negativa é sempre uma constante. Isso acontece meio sem jeito, mas acontece de maneira forte, melancólica numa tarde de chuva.
Caminhos foram percorridos, sentimentos sentidos, emoções a flor da pele que afloraram como se fossem tatuagens, marcam para todo o sempre a epiderme fina. Como dizer aos entes que não é mais o que foi por não mais continuar sendo? Se só se é quando se continua sendo, deixa-se de ser no momento em que não mais ô é. Agora em terreno árido, ávido da umidade de conhecimento, do abraço da oportunidade segue o carma da mesma maneira que anteriormente. Um vislumbramento vem derrepente à mente! Participar deveria ser o suficiente, mas não é... Perder algo é sempre uma ruptura, um tipo de renascimento que sempre acontece acompanhado de dor e estranhamento. Continuar é algo que sempre se quer!
Pensar... Cavalo doido na mente! Esse alado e totalmente fértil, que adquire movimentos como aqueles vistos numa festa de Pião de Rodeio, cujo único objetivo animal apresentado é jogar o cavaleiro ao chão. Pensamentos são como filhos que refletem a criação dos pais... Quando bons criam uma paisagem linda digna dos olhares dos críticos mais fervorosos ao rasgar elogios... Quando ruins levam ao estado de incapacidade, inércia e submissão. Espelhos translúcidos que ao serem colocados frente a frente geram um labirinto onde facilmente se perde o equilíbrio e a razão. Frente a frente com o abismo pode-se escutar o eco do grito não dado.
Se até os espinhos de cactos dão flores, as dificuldades deveriam ser olhadas de uma forma mais positivista e esclarecedora do ponto de vista evolutivo, mas não são observadas dessa maneira. O trabalhoso, o ruim mesmo, é o sorriso do silêncio que insiste em confundir, tirar o foco.

Mário Sérgio dos Santos.

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